Sem segurança, Globo e Folha não cobrirão mais Bolsonaro no Alvorada

Estas agressões vêm crescendo. Os xingamentos aos jornalistas na porta do Alvorada diariamente se tornaram comuns.

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Sem segurança, o Grupo Globo e o jornal Folha de S.Paulo anunciaram, nesta segunda-feira, 25, que deixarão de cobrir, por tempo indeterminado, o dia a dia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no Palácio da Alvorada, em Brasília.

Com a decisão do Grupo Globo, a TV Globo e o site G1 deixarão de realizar a cobertura diária.
A decisão foi tomada porque apoiadores de Bolsonaro ficam lado a lado com os jornalistas, separados apenas com uma grade entre os dois grupos.

Atualmente, a ação desses bolsonaristas têm sido cada vez mais agressiva com os profissionais de imprensa, de todos os veículos, que estão ali trabalhando.
“Como a animosidade dos militantes tem sido crescente, e sem que haja providências por parte das autoridades para proteger os jornalistas”, o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo comunicou a decisão, por carta, ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.

A Folha de S.Paulo também comunicou a decisão ao general Heleno e a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom). “A Folha decidiu suspender a cobertura jornalística na porta do Palácio do Alvorada temporariamente até que o Palácio do Planalto garanta a segurança dos profissionais de imprensa“, afirmou o jornal.

Em uma reportagem, a Folha relatou o caso dos repórter agredidos verbalmente. “Ó o lixo, ó o lixo, ó o lixo. Escória! Lixos! Ratos! Ratazanas! Bolsonaro até 2050! Imprensa podre!”, disse uma apoiadora do presidente.
“Pouco antes dessas agressões verbais, o presidente, ao passar perto dos repórteres, criticou a imprensa. ‘No dia que vocês tiverem compromisso com a verdade, eu falo com vocês de novo’, disse. Alguns simpatizantes dele apoiaram respondendo ‘Isso aí’.

Os xingamentos aos jornalistas que esperam a saída de Bolsonaro na porta do Alvorada diariamente se tornaram comuns, mas, desta vez, a agressividade foi maior”, relatou a Folha, que destacou não ter obtido qualquer resposta ou atitude para resguardar a integridade dos jornalistas.
“O jornal pretende retomar a cobertura no local somente depois das garantias de segurança aos profissionais por parte do Palácio do Planalto”, completa a Folha.

Veja a íntegra da carta do Grupo Globo dirigida ao ministro Augusto Heleno:
Ao cumprimentar V.Exa., trazemos ao conhecimento desse Gabinete uma questão que envolve a segurança da cobertura jornalística no Palácio da Alvorada. É público que o Senhor Presidente da República na saída, e muitas vezes no retorno ao Palácio, desce do carro e dá entrevistas bem como cumprimenta simpatizantes.

Este fato fez vários meios de comunicação deslocarem para lá equipes de reportagem no intuito de fazer a cobertura.
Entretanto são muitos os insultos e os apupos que os nossos profissionais vêm sofrendo dia a dia por parte dos militantes que ali se encontram, sem qualquer segurança para o trabalho jornalístico.

Estas agressões vêm crescendo.
Assim informamos por meio desta que a partir de hoje nossos repórteres, que têm como incumbência cobrir o Palácio da Alvorada, não mais comparecerão àquele local na parte externa destinada à imprensa.
Com a responsabilidade que temos com nossos colaboradores, e não havendo segurança para o trabalho, tivemos que tomar essa decisão.

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