Celso de Mello vê semelhança entre Brasil atual e Alemanha nazista

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Celso de Mello vê semelhança entre Brasil atual e Alemanha nazista
FOTO: Carlos Moura/SCO/STF
Brasil

Ministro do STF enviou neste domingo a alguns destinatários próximos mensagem em caráter ‘exclusivamente privado’ COMENTE
Por G1 | Portal Gazetaweb.com

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O decano Celso de Mello, mais antigo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), comparou a situação política atual do Brasil à da Alemanha nazista e disse que a intervenção militar pretendida por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro significa a instauração de uma “ditadura militar” no país.

A comparação consta de mensagem enviada de forma privada a alguns destinatários próximos neste domingo (31), mesmo dia em que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro promoveram um ato em Brasília no qual pediram medidas inconstitucionais, como intervenção militar e fechamento do Congresso e do STF.

Celso de Mello é o relator do inquérito em tramitação no STF que apura suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal para evitar investigações de familiares dele. O inquérito foi aberto a partir de denúncia do ex-ministro Sergio Moro – Bolsonaro nega interferência na PF.

O gabinete do ministro informou que a manifestação foi exclusivamente pessoal, sem vinculação com o STF, não consta dos autos de nenhum processo e não foi enviada a ministros do STF.
“É preciso resistir à destruição da ordem democrática, para evitar o que ocorreu na República de Weimar, quando Hitler, após eleito por voto popular (…) não hesitou em romper e em nulificar a progressista , democrática e inovadora Constituição de Weimar”, diz a mensagem de Celso de Mello.

O ministro lembra que isso impôs àquele país “um sistema totalitário de poder viabilizado pela edição, em março de 1933, da lei (nazista) de concessão de plenos poderes (ou lei habilitante) que lhe permitiu legislar sem a intervenção do parlamento germânico”.

De acordo com a mensagem de Celso de Mello, a intervenção militar pretendida por apoiadores do presidente “nada mais significa, na novilíngua bolsonarista, senão a instauração, no Brasil, de uma desprezível e abjeta ditadura militar”.

Segundo ele, bolsonaristas e outras lideranças autocráticas “desprezam a liberdade e odeiam a democracia”.
Reações

Sem se referir a Celso de Mello, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, publicou nesta segunda-feira (1º) mensagem em rede social na qual afirma que comparar o Brasil à Alemanha nazista “é algo, no mínimo, inoportuno e infeliz”.
“Comparar o Brasil à ‘Alemanha de Hitler’ nazista é algo, no mínimo, inoportuno e infeliz. A Democracia Brasileira não merece isso. Por favor, respeite o Presidente Bolsonaro e tenha mais amor à nossa Pátria”, escreveu Ramos.

Para o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, ao se aproximar de protestos contra o tribunal – como o deste domingo (31) -, o presidente Jair Bolsonaro “indiretamente apoia o movimento”.
“É ruim, porque quando ele [o presidente Bolsonaro] chega próximo ou mesmo junto a um movimento desses, ele indiretamente apoia o movimento. Isso não é bom, considerado o entendimento que deve haver entre os poderes”, afirmou o ministro.

Para o deputado Bibo Nunes (PSL-RS), um dos principais defensores do presidente Jair Bolsonaro na Câmara, a manifestação do ministro Celso de Mello demonstra que ele precisa se declarar impedido e não conduzir nenhum processo que envolva membros do governo. “Nos chamar de nazistas é muito grave. Injúria e difamação.”

O deputado federal Fábio Trad (PSD-MS) afirmou que a mensagem de Celso de Mello não indica parcialidade porque não tem relação com um fato concreto de processo pelo qual ele seja responsável.
“Eu não vejo nenhum sinal concreto de parcialidade porque essa parcialidade, de acordo com o Código de Processo Penal, tem que incidir em relação ao fato concreto, que é objeto de investigação ou de processo. Eu não vejo nessa fala do ministro, senão uma opinião, uma impressão genérica de natureza político-institucional a respeito dos caminhos e dos rumos do governo”, declarou Trad.

Ele também considera improcedente uma eventual ação por injúria contra o ministro. “Não vejo no sentido de ofender a honra do presidente. Vejo uma crítica aos rumos de um governo, mas apenas isso. Uma manifestação, digamos, ‘interna corporis’, dirigida a um número determinado de pessoas, que externa uma impressão como cidadão a respeito do que o governo está mostrando.”, afirmou.

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