Carlos Decotelli, ex-presidente do FNDE, é o novo ministro da Educação

De acordo com Bolsonaro, Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha.

Presidente fez anúncio pelas redes sociais

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O presidente Jair Bolsonaro anunciou na tarde desta 5ª feira (25.jun.2020) o seu escolhido para ocupar o cargo de ministro da Educação: Professor Carlos Alberto Decotelli da Silva.

TNM/Por Maurício Ferro

Ele presidiu o FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação) entre fevereiro e agosto de 2019.

De acordo com Bolsonaro, Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha.
O professor assume o cargo que estava vago desde a saída do ex-ministro Abraham Weintraub na última 5ª feira (18.jun), indicado para ser diretor do Banco Mundial.

Weintraub assumiu o MEC (Ministério da Educação) no dia 8 de abril. Portanto, Decotelli presidiu o FNDE ainda na gestão do antigo chefe da pasta. O novo ministro é o 1º negro entre os ministros de Bolsonaro.

MEC COMO CENTRO DE ATRITOS ENTRE OS PODERES
Decotelli vai assumir 1 ministério que esteve no centro de atritos entre o Poder Executivo com o Legislativo e o Judiciário. Isso porque Weintraub acumulou polêmicas no período em que comandou a Educação.
O ex-ministro afirmou em reunião interministerial gravada em 22 de abril que, por ele, “colocava esses vagabundos na cadeia, a começar pelo STF” (Supremo Tribunal Federal).

Naquela ocasião, Weintraub fazia uma crítica a Brasília, de forma geral. O comentário gravado em vídeo foi divulgado por decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo.

De acordo com o ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), a gravação da reunião comprovaria uma suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

O Senado aprovou convocação do então ministro para esclarecer suas declarações na reunião. Weintraub também prestou depoimento à Polícia Federal no dia 29 de maio. Ficou em silêncio.

No dia 14 de junho, Weintraub compareceu a 1 ato de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e reafirmou sua declaração sobre “vagabundos”. Disse que já havia expressado sua “opinião”. Bolsonaro disse que o ministro “não foi prudente”, em entrevista à BandNews na 2ª feira (15.jun).
“Como tudo que acontece cai no meu colo, mais 1 problema. Nós estamos tentando solucionar o senhor Abraham Weintraub”, disse na ocasião.

Weintraub é investigado no inquérito que corre no STF sobre fake news –decisão apoiada pela maioria do Supremo em julgamento de pedido de habeas corpus apresentado pelo ministro da Justiça, André Mendonça.

Além de ser alvo no inquérito das fake news, o agora ex-ministro da Educação também é investigado no inquérito que apura suposto crime de racismo. O processo decorre de publicação de Weintraub que associou a China a algum tipo de vantagem pela pandemia de covid-19.

ERROS DO ENEM E “PLANTAÇÃO DE MACONHA” EM FACULDADES
Weintaub afirmou que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2019 foi o “melhor da história“. O exame, no entanto, teve erros que levaram estudantes a ter notas que não correspondiam com seus acertos na prova.

O imbróglio do Enem começou em 18 de janeiro deste ano.
O Ministério da Educação reconheceu que havia erros na correção de algumas provas. A Justiça suspendeu a divulgação dos resultados do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), principal porta de entrada dos estudantes no ensino superior.

Os resultados foram liberados depois de decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). E Weintraub foi convidado a dar explicações na Comissão de Educação do Senado.

Weintraub disse numa entrevista em novembro do ano passado que as universidades são “madraças de doutrinação” e “têm plantações extensivas” de maconha. Além disso, afirmou que os laboratórios de química das instituições desenvolvem metanfetamina, uma droga sintética.
“Foi criada uma falácia de que as universidades federais precisam ter autonomia.

Justo, autonomia de pesquisa, ensino… Só que essa autonomia acabou se transfigurando em soberania. Então, o que você tem?

Você tem plantações de maconha, mas não são 3 pés de maconha, são plantações extensivas em algumas universidades, a ponto de ter borrifador de agrotóxico, porque orgânico é bom contra a soja, para não ter agroindústria no Brasil, mas na maconha deles eles querem toda a tecnologia que tem à disposição”, disse.
REUNIÃO COM COTADO
Bolsonaro teve reunião na última 3ª feira (23) com o secretário estadual de Educação do Paraná, Renato Feder, que era cotado para o cargo. O encontro foi no Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo, fora da agenda oficial.

Feder compõe o governo de Ratinho Júnior (PSD-PR). O PSD do governador do Paraná é presidido pelo ex-ministro Gilberto Kassab e ganhou espaço no governo federal nas últimas semanas. É 1 dos partidos do chamado “Centrão” –grupo de siglas mais alinhadas pelo interesse em cargos do que por afinidade ideológica.

Kassab foi ministro das Comunicações no governo do ex-presidente Michel Temer. O presidente Jair Bolsonaro recriou a pasta neste mês e entregou o comando dela ao então deputado federal Fábio Faria (PSD-RN), genro de Sílvio Santos, dono do SBT.

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