Ministro da Defesa e Comandantes das 3 Forças, em nota conjunta ...

O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, anunciou que entrará com representação contra o ministro Gilmar Mendes na Procuradoria-Geral da República.

E o que o ministro Gilmar Mendes fez ou disse de tão grave, capaz de incomodar a área militar do governo Bolsonaro?

Nada. O ministro do Supremo Tribunal Federal não disse nada além de alertar para o óbvio ululante, que é colocarem a conta das mortes causadas pela pandemia do coronavírus sob responsabilidade do Exército.

O jornalista Reinaldo Azevedo, da Bandnwes, resumiu muito bem a reação da área militar do governo, comparando-a com a reação natural de quem é flagrado ou advertido sobre um erro, do qual se envergonha ou se arrepende de ter cometido, mas não admite ser exposto.

Gilmar, em comentário político, ataca o governo e o Exército e ...

A declaração do ministro Gilmar Mendes, que desagradou a área militar do governo, foi esta:

-“Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso“.

O que Gilmar Mendes disse é a pura verdade. Ou o Brasil não é o único país em meio à pandemia causada pelo coronavírus, sem ministro da Saúde? Ou o Brasil não é o único país em meio à pandemia causada pelo coronavírus, que demitiu médicos do Ministério da Saúde?

Se contra fatos não há argumentos, então qual o motivo de a critica construtiva de Gilmar Mendes ferir tantas suscetibilidades?

Só pode haver um motivo, que é aquele de quem reage ao se vê exposto no erro que cometeu. Foi um erro e está sendo um erro o Ministério da Saúde continuar sendo dirigido por um general, porque a conta do fracasso anunciado e iminente – o país já registra mais de 72 mil mortes -, vai para quem?

O ministro Luiz Henrique Mandetta foi demitido porque  advertiu que o número de mortes iria ultrapassar os 100 mil, enquanto o presidente Jair Bolsonaro desempenha o papel de “garoto-propaganda” do coronavírus.

Bolsonaro disse que não era coveiro, para contar mortes; desdenhou do número de mortes, quando disse “e daí?”; saiu às ruas sem máscaras desafiando a quarentena e promovendo aglomerações e “prognosticou” que todo mundo vai morrer um dia.

Diante de tudo isso, a fala do ministro Gilmar Medes deve servir como conselho e advertência para que não caia no colo das Forças Armadas, especialmente do Exército, essa conta de números tão nefastos. Faz-se urgente reagir sim, mas para evitar essa ligação danosa entre uma força de estado e um governo que é mundialmente conhecido como negacionista da pandemia.

O ministro Gilmar Mendes prestou um serviço, especialmente, ao Exército, que está sendo lamentavelmente levado a se confundir com o governo Bolsonaro, e isso é péssimo. As Forças Armadas são instituições de respeito, que estão acima do governo. De qualquer governo.