O pároco pagou R$ 2,9 milhões com dinheiro da Associação dos Filhos do Divino Pai Eterno (Afipe) para que o conteúdo fosse arquivado
ATUALIZADO 25/08/2020 18:13
“Observa-se que os acusados foram responsáveis por transmitir as ameaças à pessoa da vítima [Robson], por meio de mensagens em aplicativos e e-mails. Nessas, disseram os acusados que a vítima possuiria relacionamento amoroso com diversas pessoas, inclusive com o próprio Welton”, diz o texto.
Um policial civil e uma pessoa próxima ao padre Robson disseram que os hackers encontraram também uma foto dele com uma mulher que faz parte do círculo de amizades do pároco. A existência da foto foi confirmada pelo hacker. MAIS SOBRE O ASSUNTO
“Tinha foto dele com uma moça. Ela falando da data do primeiro encontro dele, essas coisas”, narrou o hacker. O juiz afirmou que as ameaças intimidaram o sacerdote a ponto de ele efetuar pagamentos de expressivos valores para fazer a vontade dos chantagistas.
Ao todo, o padre, que comandava a Basílica do Divino Pai Eterno em Trindade, na região metropolitana de Goiás, pagou R$ 2,9 milhões com dinheiro da Associação dos Filhos do Divino Pai Eterno (Afipe) para que as mídias fossem arquivadas.
Segundo a defesa do sacerdote, “Padre Robson foi vítima de extorsão, tendo buscado suporte da Polícia Civil, que monitorou as transações, e culminou na prisão dos extorsionários. Já houve sentença, e os criminosos foram punidos pelo Judiciário com severidade. Não havia qualquer conteúdo verídico como objeto das ameaças”.
O Ministério Público informou que a Afipe ficou no prejuízo de R$ 1,2 milhão, quase metade da quantia. Mas ainda segundo a defesa do padre, o valor usado nos pagamentos já foi recuperado e aguarda liberação para retornar às contas da associação.
A defesa do hacker, identificado como Welton Ferreira Nunes Júnior, não foi localizada. Ele e mais quatro pessoas foram condenadas em 2019, com penas que variam de 9 a 16 anos de prisão.
O Ministério Público de Goiás investiga o envolvimento do padre Robson de Oliveira Pereira em crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsificação de documentos e sonegação fiscal.