Igreja Universal foi usada para lavar dinheiro de corrupção, diz MP

Mauro Macedo coordenou campanhas políticas de Crivella e foi citado em delações firmadas no âmbito da Operação Lava Jato. Ele é primo do fundador da Igreja Universal, Edir Macedo.
TNM/Poder360

MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) encontrou indícios de movimentações bilionárias atípicas da Igreja Universal do Reino de Deus e afirmou que a instituição religiosa está sendo usada para lavar dinheiro obtido com corrupção na Prefeitura do Rio. A informação é do G1.

O prefeito Marcelo Crivella é bispo licenciado da instituição religiosa. De acordo com a reportagem, o MP investiga 1 suposto “QG da propina” na administração municipal. Os documentos foram enviados à Justiça em 2 de setembro deste ano.

Um relatório de inteligência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) anexado à investigação aponta que, entre maio de 2018 e abril de 2019, a Igreja Universal movimentou de forma “atípica” R$ 5,9 bilhões.

O documento não detalha o funcionamento da suposta lavagem de dinheiro. No entanto, o sub-procurador geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos do MP-RJ, Ricardo Ribeiro Martins, cita as movimentações atípicas da Igreja, a vinculação de Crivella com a instituição e o envolvimento de Mauro Macedo no crime.

Mauro Macedo coordenou campanhas políticas de Crivella e foi citado em delações firmadas no âmbito da Operação Lava Jato. Ele é primo do fundador da Igreja Universal, Edir Macedo. De acordo com o Ministério Público, Mauro era responsável por aliciar empresários para participar dos esquemas de corrupção na Prefeitura do Rio.

Segundo o G1, Rafael Alves, suposto operador do prefeito do Rio, enviou mensagens a bispo licenciado expressando sua insatisfação com medidas adotadas na Prefeitura e ameaçava revelar “todos os esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro” , com a “direta participação de Marcelo Crivella, sua família e a igreja”. 

Outro lado

Em nota à Globo, a Igreja Universal do Reino de Deus disse que não foi notificada sobre as denúncias e que ignora a existência do documento relativo a elas. Afirmou que toda a sua movimentação financeira é lícida e declarada.

Também disse que qualquer bispo ou pastor que decide ingressar na carreira política licencia-se de suas funções na igreja, passando a atuar exclusivamente na atividade pública.

A instituição afirmou que não há nenhuma relação financeira entre Marcelo Crivella, suas campanhas políticas e a igreja, e que não participa direta ou indiretamente de atividades político-partidárias no Brasil e em nenhum dos outros países onde desenvolve atividade missionária.

Disse ainda que “nenhuma instituição religiosa brasileira foi tão perseguida, atacada, fiscalizada e julgada como a Universal”, e que em todos os procedimentos, a Igreja e seus oficiais foram inocentados. Fala ainda que investigação é fruto de preconceitos contra cristãos.

O prefeito Marcelo Crivella declarou que não há nada no processo que descreva qualquer ato ilícito praticado por ele e que nada foi encontrado nas buscas em sua casa, no gabinete, em banco ou no celular.

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