OMS critica governos “complacentes” com o coronavírus

Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da entidade, diz que respostas confusas e inconsistentes de alguns países contribuem para que pandemia ainda esteja longe de acabar.
TNM/rpr/lf (Reuters, AFP)
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da entidade, diz que respostas confusas e inconsistentes de alguns países contribuem para que pandemia ainda esteja longe de acabar.
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, criticou nesta segunda-feira (12/04) governos que dão respostas confusas e incoerentes à covid-19 e sugeriu que, em parte, é por isso que a pandemia está longe de acabar.”Distanciamento social funciona, máscaras funcionam, higienizar as mãos funciona, ventilar funciona, monitoramento, testes, rastreamento de contatos, isolamento, quarentena de apoio e cuidados compassivos – tudo isso funciona para conter infecções e salvar vidas”, disse ele.

“Mas a confusão, complacência e inconsistência nas medidas de saúde pública e sua aplicação estão impulsionando a transmissão e custando vidas”, advertiu.

O chefe da OMS criticou especialmente países onde “restaurantes e boates estão cheios, os mercados estão abertos e lotados com poucas pessoas tomando precauções”, apesar dos altos índices de infecção.

O especialista disse que, apesar de o mundo ter administrado mais de 780 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 até agora, os casos ainda aumentam globalmente.

Desde que as novas taxas de infecção deixaram de cair em fevereiro, lembrou, houve “sete semanas consecutivas de aumento de casos, e quatro semanas de aumento de mortes”.

Tal falha em agir, segundo afirmou Ghebreyesus, significa que “unidades de terapia intensiva em muitos países estão transbordando, e pessoas estão morrendo – e isso é totalmente evitável”.

Para o diretor-geral da OMS, na situação atual, a pandemia está “muito longe do fim”, mas um esforço concertado poderia colocar as coisas sob controle em questão de meses.

Distribuição igualitária de vacinas

Em evento de arrecadação de fundos da sociedade do Crescente Vermelho no Catar, Ghebreyesus repetiu seus apelos por equidade na distribuição de vacinas.

Ele enfatizou a importância da distribuição justa das doses e disse que o atual acesso injusto “não é apenas um ultraje moral, é também econômica e epidemiologicamente autodestrutivo”.

Das mais de 780 milhões de doses administradas globalmente, mais de 87% foram dadas a pessoas em países de alta ou média-alta renda. Os países de baixa renda receberam apenas 0,2% das vacinas produzidas globalmente.

Uma falha em vacinar a população mundial com rapidez suficiente poderia resultar em novas variantes que driblariam as proteções oferecidas pelas vacinas disponíveis. Isso, explicou Ghebreyesus, prorrogaria a pandemia por anos mais.

“Quanto mais transmissão, mais variantes”, alertou. “E quanto mais variantes surgirem, maior a probabilidade de que elas escapem das vacinas”, complementou o diretor-geral da OMS.

 

 

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