Aziz concorreu ao governo do Amazonas em 2018, mas foi derrotado por Wilson Lima (PSC). Hoje, porém, os dois são aliados. O Estado é um dos principais focos da CPI após colapso na rede de saúde em janeiro, quando pacientes de covid-19 morreram asfixiados após estoques de oxigênio nos hospitais se esgotarem.
Inicialmente com foco apenas nas ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro, a CPI teve seu escopo ampliado para Estados e municípios após pressão de governistas. Dos 11 titulares, porém, o governo é minoria, com quatro senadores declaradamente aliados, dois de oposição e 5 com atuação considerada independente.
O líder do DEM, senador Marcos Rogério (RO), um dos aliados de Bolsonaro na comissão. elogiou Omar Aziz e disse que ele seria um bom nome para coordenar a CPI. No entanto, o senador de Rondônia ressaltou que a definição do cargo ainda não está decidida e que hoje qualquer um dos 11 titulares teria condição de assumir o posto. “Omar tem conversado com senadores, falado, mas esse tipo de situação é normalmente decidido na última hora. Isso passa pelo presidente do Senado e pelos partidos”, declarou.
Marcos Rogério confirmou que o amazonense é o nome que mais tem se movimentado para ser presidente da comissão e que tem ligado para para senadores em busca de votos. Porém, o líder partidário acredita que até o dia da eleição para o comando da CPI pode haver uma mudança de cenário. O político do DEM afirmou ser impossível que a CPI seja instalada na semana que vem, que vai ser marcada por sessões do Congresso e o feriado de Tiradentes, e espera que a primeira reunião aconteça entre o final de abril e começo de maio.
“Omar é um grande nome, pessoalmente eu gosto dele, mas não é assim que funciona. Nesse tipo de situação às vezes o próprio candidato de última hora chega na comissão e fala: ‘não, eu não quero isso’. Muda todo o cenário. O momento agora é de dialogar, dialogar à exaustão para poder chegar no final e ter um nome que reúna o consenso ou pelo menos que tenha a compreensão de que é o melhor quadro para presidir a comissão”, declarou Rogério.
Operação. Aziz já foi alvo de uma operação da Polícia Federal que apurava desvios de dinheiro da área da saúde no Estado. A mulher do senador, Nejmi Aziz, chegou a ser presa por dois dias em 2019, em um desdobramento das investigações.
A ex-primeira dama foi candidata a deputada estadual nas eleições 2018 mas não foi eleita. Na ocasião, Nejmi Aziz declarou mais de R$ 30 milhões em bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), valor quase 20 vezes superior ao de seu marido, que concorreu ao governo do Amazonas em 2018 e informou à Corte que possuía pouco mais de R$ 1,5 milhão em bens.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os investigados são pessoas físicas e jurídicas ligadas a Omar Aziz, que foi governador do Amazonas entre 2011 e 2014. A PF apura supostas entregas de dinheiro em espécie e negócios que teriam sido realizados para ocultar a entrega de valores dissimulados por meio de contratos de aluguel e de compra e venda.
Por meio de nota, o senador do PSD negou participar de qualquer tipo de irregularidade. “Sobre a referência ao nome do senador Omar Aziz citado no relatório da Polícia Federal de 2019, nos autos da Operação Vertex, é importante esclarecer para a sociedade que não foi produzida prova alguma ou nem mesmo apresentado indício de ligação de Omar Aziz com qualquer atividade delituosa”, disse o senador, por meio de sua assessoria.
Relator. No caso da relatoria, o nome de Renan Calheiros deve ser confirmado após o líder do MDB, Eduardo Braga (AM), telefonar para Aziz na manhã desta sexta-feira abrindo mão da função. Renan é apontado como uma “pedra no sapato” do Executivo na CPI.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição, ainda disputa a presidência, mas deve ficar com a vice, se o acordo que está sendo costurado no momento se concretizar. Aliados de Bolsonaro vão apoiar a eleição de Aziz.