Mulheres: Profissionais se mobilizam na luta por direitos em BH

“A verdade é que não tem política pública específica para trabalhadoras sexuais. Ainda existe todo um estigma. Por isso a gente atua para que as mulheres estejam se empoderando da puta importância dessa data”, conclui.

DATA INTERNACIONAL

Garantia de trabalho regulamentado é uma das demandas da classe

TNM/Por Por Guilherme Gurgel

Em 2 de junho de 1975, 100 prostitutas se reuniram em Lyon, na França, para lutar contra a discriminação, a violência e exigir direitos. A data foi escolhida como o Dia Internacional da Prostituta. Hoje, 47 anos depois, as trabalhadoras ainda lutam por direitos, segurança e pelo reconhecimento da profissão.

Em Belo Horizonte, a data foi marcada pela mobilização da classe, com atividades da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig). As trabalhadoras visitaram hotéis do centro da cidade para instruir as trabalhadoras. Também foram promovidas rodas de conversa, shows, performances e um cortejo com as prostitutas e com a participação do grupo Mobiliza SUS.

Efeitos da pandemia

Segundo a presidente da Aprosmig, Cida Vieira, neste ano, a conscientização trazida pela data é ainda mais importante. “70% de todo o mercado informal foi muito prejudicado pela pandemia, incluindo muitas trabalhadoras do sexo. Algumas são mães de família e tiveram a renda reduzida”, relata.

Outro problema trazido pela pandemia, segundo Cida, foi a perda de clientes, já que muitos faleceram pela Covid-19. “Muitos outros ainda não voltaram, porque estão com medo. A pandemia não acabou”, acrescenta.

Luta por direitos

Décadas após o surgimento da data, o Dia da Prostituta continua a reforçar uma das principais demandas da classe no Brasil: a regulamentação adequada da profissão. Cida Vieira explica que, apesar de ser possível o enquadramento das mulheres como trabalhadoras informais, nem todos os direitos são garantidos.

“Nós não temos direito à aposentadoria, por exemplo. Muitas trabalhadoras do sexo acabam aposentado com outra ocupação, inclusive por vergonha”, detalha.

Além da falta de direitos, as prostitutas reclamam da falta de proteção contra a violência. Para a presidente da Aprosmig, é urgente que o poder público se responsabilize pela garantia dos direitos e proteção contra a violência.

“A verdade é que não tem política pública específica para trabalhadoras sexuais. Ainda existe todo um estigma. Por isso a gente atua para que as mulheres estejam se empoderando da puta importância dessa data”, conclui.

 

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