MESMO ROUBADA: A taça do mundo é nossa

Brasil foi o primeiro país a ter a posse definitiva do troféu, já que havia realizado o feito inédito de conquistar a Copa por três vezes.

© Guilherme Henrique
Durante 13 anos, a sala reservada à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ostentou a presença dourada e gloriosa da Taça Jules Rimet. Símbolo do tricampeonato conquistado pela seleção brasileira na Copa do Mundo disputada no México, em 1970, o objeto significou a coroação de uma geração vista por muitos como a melhor do futebol nacional, comanda por Pelé, Gerson, Rivelino, Tostão, entre outros craques. À época, é bom lembrar, o Brasil foi o primeiro país a ter a posse definitiva do troféu, já que havia realizado o feito inédito de conquistar a Copa por três vezes.

TNM/Por Guilherme Henrique

Em dezembro de 1983, no entanto, três pessoas — Sérgio Pereira Ayres, Francisco José Rocha Rivera (Chico Barbudo), José Luiz Vieira da Silva — foram apontadas como responsáveis pelo roubo da estatueta composta de 3,8 quilos de ouro maciço. Nunca mais vista — há quem diga que o artefato tenha sido fundido no Rio de Janeiro — e parte da história do esporte brasileiro se perdeu com o crime. O espanto com o assalto foi tão grande que, após o caso, a FIFA, entidade máxima do futebol, mudou as regras sobre o país vencedor ficar ou não com a taça. Atualmente, a estatueta original permanece com o órgão, em Zurique, na Suíça.

© AP Photo
Agora, quando o aniversário do tricampeonato completa 50 anos, pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), com a colaboração do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), estão reconstituindo a Jules Rimet. O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer também participam da iniciativa.
“Estamos reunindo uma paixão nacional e o pioneirismo científico. Podemos dizer que eles conquistaram a taça dentro do campo, jogando futebol. Nós ganhamos o nosso troféu com a ciência, desenvolvendo esse projeto”, afirma Reginaldo Teixeira Coelho, professor da Escola de Engenharia de São Carlos e responsável pela iniciativa.

O plano de reconstituição do artefato envolve tecnologia de ponta, disponível apenas em três países, além do Brasil: Japão, Alemanha e Estados Unidos. Para construir a réplica, pesquisadores vão utilizar um método intitulado “manufatura aditiva”. O procedimento é capaz de criar objetos a partir de um arquivo digital utilizando finas camadas de algum material fundido a laser.

No caso da Jules Rimet, será usado um pó de ligas metálicas.
“Vamos superaquecer o metal a uma temperatura de 1700º C. Um dos grandes motes do desenvolvimento dessa tecnologia é não precisar de uma série de materiais e ferramentas. A partir do pó, e do domínio completo da máquina, você pode imprimir o que quiser”, disse Reginaldo.

Pesquisadora visitante do IPT, Flavia Costa e Silva, é responsável pela produção do pó que dá vida à nova taça. A transformação do aço inoxidável, utilizado com freqüência na indústria de alimentos e em tubulações, é um processo revolucionário. Depois de superaquecido, o material é desintegrado por uma corrente de gás inerte de alta velocidade. Pequenas gotas se formam e, posteriormente, se transformam em uma espécie de talco.

Reta final
A nova Jules Rimet está praticamente pronta. As etapas seguintes incluem técnicas como usinagem e frezamento, que no português claro significam dar “um trato final”. Em seguida, há a remoção do material excedente e, por fim, o objeto receberá uma fina camada de ouro, para dar aparência mais próxima da taça original. O objetivo é entregar o troféu ainda no primeiro semestre deste ano. “É gratificante poder aproximar a população, seja a carente ou mais rica, da ciência e da tecnologia. Quase todo mundo gosta de futebol e lembra desse título.

Ninguém vai discordar que é um bom presente para o País”, pondera Tiago Ramos Ribeiro, chefe do Laboratório de Processos Metalúrgicos do IPT.
Com todos os pós metálicos no lugar, a anatomia desenvolvida em laboratórios e salas de pesquisa poderá, uma vez mais, restabelecer a imagem do objeto que significou a consagração do “escrete canarinho”. Se as coisas não vão bem dentro de campo — o último título Mundial ocorreu em 2002, no torneio disputado na Coréia do Sul e no Japão — que a tecnologia e a ciência possam nos dar a alegria de gritar mais uma vez: a taça do mundo é nossa!

O retorno da taça
Se na versão original o artesão francês Abel Lafieur utilizou cerca de 4 kg de ouro maciço para construir o troféu, os pesquisadores brasileiros aplicaram peças de metal superaquecido a 1700 Cº e tecnologia avançada para dar vida à nova Jules Rimet. Após o processo de polimento, uma fina camada de ouro será empregada no objeto. A expectativa é que a taça seja entregue à CBF no primeiro semestre deste ano.

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