TNM/Roberto Villanova
Quando concedeu entrevista à Veja e deixou subentendido que poderá haver uma ruptura política, se a oposição “esticar a corda”, o general Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo, ainda não havia tomado conhecimento da declaração do general Marck Miller,comandante do exército mais poderoso do mundo.
O general Marck Miller pediu desculpas à sociedade norte-americana, por ter participado de uma manifestação comandada pelo presidente Donald Trump, que parece tê-lo exibido como troféu para ameaçar os cidadãos que estavam nas ruas protestando contra a morte de um negro.
O general não gostou de ter sido usado pelo presidente e se dirigiu à tropa e à nação pedindo humildemente desculpas, para reforçar em seguida que as Forças Armadas são “forças do Estado” e não de governo.
O recado do general Miller ecoou no Brasil, onde o presidente Jair Bolsonaro transformou o seu governo num puxadinho de quartéis para ameaçar diariamente os demais poderes e defender acintosa e criminosamente o golpe militar. O recado do comandante do exército mais poderoso do mundo não serve apenas para os Estados Unidos; serve também para os seus quintais.
Mas, a estratégia de Bolsonaro é exatamente essa, de criar atritos, promover agressões e estar em choque permanente com os demais poderes na expectativa de criar “um caso constitucional”, onde possa disfarçar o golpe de estado. Ele agora se apega a própria Constituição, quando diz que um dos três poderes pode usar as forças armadas para “apaziguar” em caso de conflito entre os três poderes.
A questão é que não existe conflito; o que existe é o comportamento insidioso do presidente atacando os outros poderes. O filho do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro, já disse que bastaria um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal e pergunta-se: que mandaria fechar? Ou então: e se fosse o contrário e alguém dissesse essa aberração referindo-se à Presidência da República?
O pior para o governo e para o próprio país, é que essas ameaças se espalham mundo afora na velocidade da luz, agravando ainda mais a reputação do presidente Bolsonaro, que não desfruta do respeito internacional e tem sido ridicularizado quase que diariamente nas charges e matérias na imprensa internacional.
Ao governo que já perdeu o respeito internacional, resta agora tocar fogo no país.