Nunca o fosso entre os governos e o povo foi tão profundo

É bem verdade que este é um problema mundial, que o historiador Eric Hobsbawm já havia identificado desde 2007, no seu pequeno-grande livro Globalização, democracia e terrorismo.

Protesto na Praça dos Três Poderes - Orlando Brito - Os Divergentes

É exatamente o que me parece cada vez mais evidente: nunca o fosso entre a população e os governos foi tão profundo.

TNM/Ricardo Mota

É bem verdade que este é um problema mundial, que o historiador Eric Hobsbawm já havia identificado desde 2007, no seu pequeno-grande livro Globalização, democracia e terrorismo.
De lá pra cá, a situação só tem piorado, e essa relação – povo e poder – vai se tornando cada vez mais superficial, baseada quase que exclusivamente nas redes sociais (infantilizadoras de adultos).
Num país que quase nunca acreditou nos governos, um momento como o que vivemos exige um grau de confiança entre as partes do qual estamos distantes – e ainda mais distanciados (fanatismo é outra história, que não se explica sem uma dose de boa psicologia de massa).

O isolamento social por aqui não se efetivou, verdadeiramente, seja porque uma parcela significativa da população não pode ficar em casa; seja porque a orientação dos governantes sempre pareceu autoritária, mesmo quando baseada na ciência; e, por último, pela falta de intimidade que temos com os temas científicos.

Creio que devemos nos preparar para uma nova parada pós–abertura, que não vai funcionar, mesmo que necessária. Há de se entender que o que conseguimos até agora se deveu ao distanciamento que alcançados, entre resmungos e protestos, mas atingiu o limite.

O arremate é também previsível: os governos são o que são porque nós somos o que somos.
Eles vão mudar um dia, quando essa for uma imposição da sociedade.

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