Mansão em Bebedouro está prestes a ruir devido a problemas no solo

A ausência de informações técnicas por parte da Braskem sobre, pelo menos, cinco minas nas áreas afetadas pela retirada de sal-gema, em mais de 30 anos de mineração, pode ampliar o afundamento e destruição nos bairros de Bebedouro, Mutange, Pinheiro e Bom Parto, em Maceió.

Minas sem localização da Braskem podem aumentar prejuízos em bairros

MPs correm contra o tempo a fim de negociar reservas financeiras no caso de novos danos

 

TBN/Por Marcos Rodrigues | Portal Gazetaweb.com   

Bairro afetado por problemas no solo

FOTO: REPRODUÇÃO

A ausência de informações técnicas por parte da Braskem sobre, pelo menos, cinco minas nas áreas afetadas pela retirada de sal-gema, em mais de 30 anos de mineração, pode ampliar o afundamento e destruição nos bairros de Bebedouro, Mutange, Pinheiro e Bom Parto, em Maceió. Desde que o isolamento e retirada de moradores tiveram início, o processo só se amplia. Temendo o pior e uma possível venda da empresa, nos próximos três anos, os Ministérios Públicos Estadual (MPE) e Federal (MPF) articulam ampliar indenizações para os atingidos.

Toda a ação dos órgãos se baseia em dados técnicos estudados pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). Essas informações haviam sido repassadas ao empresário e presidente da Associação dos Empreendedores do Bairro do Pinheiro, Alexandre Sampaio.

“Os próprios técnicos informaram que, de acordo com o que foi apurado junto à empresa, ela não sabe onde estão nem quais as condições reais de, pelo menos, cinco minas, e, por isso, desde que essa condição foi detectada, há a necessidade da área de evacuação”, revelou o empresário em recente contato com a Gazeta Digital e em entrevista ao Jornal da Mix FM 97.7.

Todos os fechamentos de poços são avaliados, aprovados e acompanhados pela ANM. Dos 35 poços, 29 já têm planos de fechamento protocolados na Agência. Os planos de fechamento para dois poços estão em fase final de elaboração.

Para os outros quatro poços, o que será feito é um estudo complementar para confirmar informações dos estudos geofísicos e de microgravimetria sobre as localizações. A definição da área de resguardo feita em novembro já contemplava a possível movimentação desses poços, razão pela qual o seu entorno já é objeto das medidas de desocupação. Esse estudo complementar também será capaz de confirmar se esses quatro poços já foram preenchidos naturalmente por sólidos presentes no subsolo.

Levantamento

Os promotores têm acompanhado essa situação e, principalmente, depois que vazou a informação de que a Braskem pode ser vendida, eles correm contra o tempo para garantir recursos a fim de cobrir futuros prejuízos.

Conforme foi revelado em matéria do Jornal Extra, desse final de semana, as reuniões com técnicos da Defesa Civil Estadual e Nacional já vêm ocorrendo, justamente, para ampliação da área considerada de risco iminente de desabamento. Somente assim, será possível que, quando a oficialização destas áreas ocorrer, possa haver uma cobertura aos danos materiais.

Neste momento, novos estudos estão sendo feitos para comparação de dados obtidos no ano passado. As informações serão decisivas para confirmar as primeiras impressões sobre o desnível provocado pela descida de terreno, por desgaste ou, até mesmo, ruptura da parede de algumas minas.

Na parte que inclui, por exemplo, o bairro de Bebedouro, é a água da lagoa que causa maior preocupação. Somente quem conhece e, ainda, insiste em transitar a pé ou de moto na região já percebeu que ela avança em direção ao campo do Centro Sportivo Alagoano (CSA), a antiga sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Siteal) e do antigo Hospital Psiquiátrico José Lopes.

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Em recente vídeo divulgado no YouTube e na Gazetaweb, como parte do Projeto Alagoanidades, o médico Ronald Mendonça – que viveu sua infância em Bebedouro – relatou – com emoção – que, a qualquer momento, a mansão dos Mendonça pode ruir. A água, inclusive, já tomou conta da área onde funcionava a cozinha, e é possível ser vista, até mesmo, do jardim do casarão, comprado por seu pai à família Leão.

“Eles (Braskem) cavaram, tiraram o sal, e isso criou crateras imensas, e o terreno está cedendo. Em breve, vocês terão a notícia de que aquela mansão, que, para muitos, é um sinal da burguesia dos Mendonça, na verdade, vai cair. Vai ruir, porque a Braskem é incontrolável”, relata Ronaldo, com a voz embargada.

Pressão

Enquanto a definição não ocorre, os moradores e empresários do bairro se unem, cada vez mais, com apelos nas redes sociais, pixações e faixas nos imóveis. Na última sexta-feira (10), um grupo representativo de pessoas dos quatro bairros tomou as ruas e foi até um dos poços da empresa, durante uma caminhada. O ponto de partida foi a Praça Lucena Maranhão, no Bairro de Bebedouro.

Juntos, eles dividem angústias, lembranças e frustrações. Além disso, com um presente comprometido pelo medo de ficarem no prejuízo, o futuro também é incerto, em especial para os que não chegaram a nenhum acordo com a empresa.

A Braskem foi procurada pela reportagem para falar sobre o assunto, mas até o momento da publicação ainda não havia se posicionado.

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