O balanço da pandemia do coronavírus somou 80 mil mortes, mantendo o Brasil na disputa mundial pelo primeiro lugar em óbitos.
O número alcançado nesta segunda-feira, 20, confirma a estimativa do médico Luiz Henrique Mandetta, demitido do cargo de ministro da Saúde por ter-se recusado a camuflar o número real de mortes e também se recusado a defender o uso da cloroquina para combater a Covid -19.
Mandetta estimou que cerca de 120 mil brasileiros vão morrer contaminados pelo coronavírus.
Alheio ao número macabro de mortes, o presidente Jair Bolsonaro voltou a “receitar” o uso da cloroquina. Ele teve o cuidado de não citar diretamente a recomendação, mas o gesto exibindo uma caixa do medicamento sintetizou a orientação.
A cloroquina, remédio que Bolsonaro “prescreve”, para combater o coronavírus, só é recomendado no Brasil, porque a Organização Mundial de Saúde não reconhece a sua eficácia no tratamento da doença. Pior: a cloroquina, que só é usada no tratamento da malária, pode levar à morte.
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Cena de culto à cloroquina mostra que ela se tornou símbolo do bolsonarismo
Leonardo Sakamoto
TNM/Colunista do UOL
A primeira referência que me veio à cabeça com a imagem de Jair Bolsonaro erguendo uma caixa de cloroquina para o delírio de seus seguidores aglomerados em frente ao Palácio do Alvorada, neste domingo (19), foi Rafiki apresentando Simba aos súditos de Musafa em Rei Leão. A segunda, ancorada na realidade e mais preocupante, foi a lembrança das formas de propaganda descritas pela filósofa alemã Hanna Arendt no clássico “Origens do Totalitarismo”.
Bolsonaro tem feito intensa publicidade da cloroquina para o tratamento da covid-19, mesmo que a maioria esmagadora de médicos e cientistas aponte tanto para a ineficácia do produto quanto para os graves efeitos colaterais. Mas é a primeira vez que ele o coloca no centro de uma aclamação quase religiosa.