O governo brasileiro desmontou os órgãos de fiscalização ambiental, estimulando as queimadas e o desmatamento, e flexibilizou a exportação de madeira sem se importar com a procedência, ou seja, se era legal ou ilegal.
O ministro do Meio-Ambiente, Ricardo Salles, conhecido como ”ministro motosserra”, chegou a sugerir que se aproveitasse a distração da sociedade, preocupada com a pandemia causada pelo coronavírus, ”para passar a boiada”, ou seja, ligar a motosserra e derrubar o que pudesse.
Mas, o presidente Jair Bolsonaro, na reunião virtual dos BRICS, prometeu dar o nome dos países que compram a madeira ilegal brasileira, originária do desmatamento criminoso e do contrabando, querendo se apresentar agora como vítima da criminalidade ambiental.
Duvida-se que o presidente cumpra a promessa, ou a ameaça, e divulgue os países – todos eles -, que compram ou compraram essas madeiras oriundas de crimes ambientais. Duvida-se porque, em primeiro lugar, foi o próprio governo quem facilitou a exportação e, em segundo lugar, o segmento que ganha dinheiro com essa prática é composto de apoiadores seus.
Mais uma vez, Bolsonaro perdeu a oportunidade de se mostrar ao mundo como um mandatário que se preocupa em ser racional, ainda que tenha restrições à política ambiental praticada por seus antecessores. O presidente continua achando que, se isolando, pode firmar uma posição que mereça o respeito interno e externo.
O respeito interno por parte de seus seguidores ele até o tem, mas esses seguidores, já se sabe, são de uma pobreza intelectual que não merecem nenhuma reflexão – exceto aquela que sugere: semelhante atrai semelhante.