Os atritos entre o senador do MDB e o ministro da Secretaria-Geral não são de hoje. Em 2019, Onyx foi o principal articulador da candidatura de Davi Alcolumbre (DEM-AP) à presidência do Senado. O movimento tirou votos de Renan, que acabou renunciando pouco antes da eleição. Na época, a chegada de Alcolumbre ao comando do Senado quebrou a hegemonia do MDB naquela Casa.
Três ministros batem cabeça na articulação política no governo e a falta de sintonia já provocou as primeiras derrotas na CPI, como a convocação de todos os ex-titulares da Saúde – Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que serão ouvidos nesta terça-feira, 4, e Eduardo Pazuello, na quarta, 5. O atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prestará depoimento na quinta, 6.
Ao ser remanejado para a Casa Civil, Ramos produziu uma lista com 23 afirmações frequentes sobre erros do governo na condução da pandemia. A lista vazou. O ministro disse que se tratava de uma estratégia de defesa do governo, uma vez que as questões podem ser levantadas na CPI. Muitas daqueles temas, no entanto, acabaram sendo incorporados no plano de trabalho da comissão.
Onyx, por sua vez, tenta retomar o protagonismo que tinha no início do governo Bolsonaro, quando era ministro da Casa Civil. Bolsonaro esvaziou a pasta e depois transferiu Onyx para o Ministério da Cidadania no início de 2020. Em fevereiro, no entanto, ele retornou ao Palácio do Planalto para comandar a Secretaria-Geral da Presidência.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já defendeu a convocação do ministro Anderson Torres e de Flávia Arruda. “Já fizemos (requerimento) para convocar a Flávia. Tem de convocar até o ministro da Justiça porque o que ele fez, o que ele falou à revista Veja, é uma ameaça ao funcionamento da CPI”, declarou o senador ao Estadão.
Randolfe fez referência à entrevista na qual Torres afirmou que vai requisitar informações à Polícia Federal sobre o destino de recursos enviados pelo governo aos Estados para o combate do coronavírus. Já a convocação de Flávia Arruda se justificaria, segundo Randolfe, pelo fato de uma servidora da Secretaria de Assuntos Parlamentares ter sido identificada como autora de requerimentos apresentados à CPI pelos senadores governistas Ciro Nogueira (Progressistas-PI) e Jorginho Mello (PL-SC). Thais Amaral Moura trabalha na secretaria vinculada à pasta comandada por Flávia, no Planalto.
A ministra evitou comentar a possível convocação. “Não tem requerimento. Vamos aguardar”, disse ela ao Estadão. Senadores também querem convocar Guedes para que ele preste informações sobre as medidas econômicas tomadas durante a pandemia, como o auxílio emergencial e as iniciativas de ajuda a pequenas empresas.
Nos últimos dias, Guedes também disse que o vírus da covid-19 foi criado por chineses. Afirmou, depois, que usou uma “imagem infeliz” no comentário. Mesmo assim, senadores asseguram que o chefe da equipe econômica pode ser convocado para a CPI.