Lira fala em manter ‘diálogo’ e não cita impeachment após atos de Bolsonaro

Logo após o pronunciamento, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) publicou uma série de tuítes defendendo uma reação institucional mais forte às declarações de Bolsonaro. “Mais que VOZ institucional, o momento exige AÇÃO dos Poderes Judiciário e Legislativo. Porque as palavras do Presidente têm feição de atos. E atos INCONSTITUCIONAIS. Ele não as diz por coragem, mas por medo. Nós temos de mostrar CORAGEM não só para falar, mas para AGIR”.

Estadão

O presidente da Câmara, Arhur Lira (Progressistas-AL), chega ao Congresso Nacional

© Dida Sampaio/Estadão O presidente da Câmara, Arhur Lira (Progressistas-AL), chega ao Congresso Nacional

BRASÍLIA – O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), ignorou o tema impeachment ao fazer um pronunciamento na tarde desta quarta-feira, 8, um dia depois de manifestantes irem às ruas nos atos de 7 de Setembro com pedidos antidemocráticos, como o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), e com ameaças do presidente Jair Bolsonaro aos demais Poderes.

TNM/Por Lauriberto Pompeu e Camila Turtelli

Sem citar Bolsonaro, Lira criticou “radicalismo e excessos”, mas manteve o discurso de que é preciso “diálogo”, indicando que não deve levar adiante qualquer pedido de impedimento do presidente neste momento. A decisão de aceitar ou não uma solicitação de impeachment é do presidente da Câmara. Na gaveta de Lira há 124 pedidos de cassação do mandato de Bolsonaro.

Após a radicalização no discurso de Bolsonaro, em que o presidente ameaçou até mesmo descumprir decisões judiciais, ganhou força a possibilidade de siglas como PSDB, PSD, MDB e Solidariedade engrossarem o coro de partidos de esquerda para que um processo seja iniciado.

“A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e negociações para serenarmos. Para que todos possamos nos voltar ao Brasil real que sofre com o preço do gás, por exemplo”, afirmou o deputado. Segundo ele, a Câmara pode ser “uma ponte de pacificação entre Judiciário e Executivo”.

Eleito para o cargo de presidente da Câmara com o apoio do Palácio do Planalto, Lira se tornou fiador das pautas governistas no Congresso e tem adotado um discurso de que não há clima para a abertura de um processo de impeachment neste momento. Também alinhadas ao governo, as bancadas de deputados de partidos como PSDB, PSD e DEM são resistentes a encampar a saída de Bolsonaro do cargo, embora seus partidos discutam o tema abertamente.

“Conversarei com todos e todos os Poderes. É hora de dar um basta a essa escalada, em um infinito loop negativo, bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade”. disse o presidente da Câmara.

Presidente da Câmara faz pronunciamento sobre manifestações, não cita  impeachment de Bolsonaro e se diz aberto para diálogo - Portal de Prefeitura

Mesmo pregando pacificação, em seu pronunciamento Lira também mandou recados a Bolsonaro e seus apoiadores. Ele criticou a insistência na defesa do voto impresso em 2022, proposta já rejeitada pela Câmara dos Deputados no mês passado, mas que estava presente em cartazes de manifestantes e no discurso do próprio presidente.

“Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas, como o voto impresso. Uma vez decidido, é página virada”, afirmou. “São nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo expressa sua soberania. Que até lá tenhamos todos serenidade e respeito às leis, à ordem e principalmente à terra que todos amamos.”

Não é a primeira vez que o deputado de Alagoas endurece o discurso contra o governo. Lira já mencionou em dois discursos anteriores um “sinal amarelo” para dizer que está alerta em relação a arroubos autoritários.

“Vou seguir defendendo o direito dos parlamentares à livre expressão e a nossa prerrogativa de puni-los eventualmente se a Casa, com sua soberania e independência, entender que cruzaram a linha.”

Logo após o pronunciamento, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) publicou uma série de tuítes defendendo uma reação institucional mais forte às declarações de Bolsonaro. “Mais que VOZ institucional, o momento exige AÇÃO dos Poderes Judiciário e Legislativo. Porque as palavras do Presidente têm feição de atos. E atos INCONSTITUCIONAIS. Ele não as diz por coragem, mas por medo. Nós temos de mostrar CORAGEM não só para falar, mas para AGIR”.

 

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