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A deterioração da fama do crente é de fácil compreensão. A conexão entre pastores e Bolsonaro é um troca-troca de interesses. De um lado, igrejas dão apoio ao presidente em cultos e encontros religiosos para unificar o aprisco da base eleitoral. De outro, ganham anistias bilionárias de impostos e cargos no governo.
O presidente Jair Bolsonaro não é – e nunca demonstrou ser – um cristão. Nem católico e nem muito menos evangélico. Não estende a mão para ajudar, nem para fazer o sinal da cruz ou para receber alguma bênção. Usa a mão para sinal de arminha. Seu culto à ignorância, sua postura boçal em praça pública, suas piadas que menosprezam minorias, seu desprezo à vida e sua forma indecente de governar o País comprovam que a máscara de crente, embora ainda convença multidões, não passa de uma fantasia mal elaborada.
Entre diversas denominações, a real face de Bolsonaro já está evidente. No ano passado, o “Manifesto da Coalizão Evangélica contra Bolsonaro”, assinado por 37 entidades religiosas, afirmou que o “bolsonarismo cria uma religiosidade mentirosa” e atacou a postura negacionista do presidente diante de uma tragédia que matou mais de 650 mil irmãos.
A mistura entre cristianismo e bolsonarismo será letal à reputação cristã. Muitos ainda não entenderam que o Brasil precisa se preservar como um Estado laico, e isso não significa ser um Estado ateu. Se ter fé é acreditar naquilo que não se vê, passou da hora dos evangélicos adotarem uma nova postura, baseada naquilo que todos nós temos visto. O slogan da campanha de Bolsonaro, “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32) parece ter sido uma profecia do Messias do Palácio do Planalto sobre seu próprio fim.