Bolsonaro virou refém de uma crise fabricada diretamente de dentro do Palácio do Planalto — afinal, foi ele quem falou em “corrigir injustiças” e anunciou o plano de implementar a reestruturação de carreiras da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional, que estabeleceria, além de reajustes de até 20%, critérios para progressão na carreira. Ao entoar publicamente a promessa, o presidente, extasiado com os possíveis louros políticos da medida, não pensou no efeito cascata de cobrança de outras categorias e a consequente judicialização do caso nem nos custos aos cofres públicos.
Deu no que deu. Chamado à realidade pela equipe de Paulo Guedes, Bolsonaro confirmou na semana passada a previsão de um reajuste de 5% a todo o funcionalismo, baseado no princípio da isonomia, e desagradou gregos e troianos. Na prática, enquanto, em 2018, pôde entoar a plenos pulmões ser “o candidato da segurança pública”, em 2022, enfrentará, durante a campanha, denúncias de “desvalorização” dos servidores que integram o setor.