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Igreja Nossa Senhora da Lapa, fundada em 1779 na cidade portuguesa do Porto. O responsável por sua cripta tem em mãos cinco chaves. A primeira delas se presta a destrancar uma pesada placa de cobre. A segunda e a terceira removem duas proteções gradeadas de ferro. Agora, já se vê um cofre, e ele será aberto com a quarta chave. Mais uma fechadura. E eis que a quinta dá acesso a um vaso de prata no qual há um recipiente de vidro e, em seu interior, guarda-se um coração. É o coração da Independência do Brasil: é o coração, mumificado e conservado em alta concentração de formol, de Dom Pedro I. É esse coração que o governo federal brasileiro almeja que Portugal nos empreste para a comemoração do bicentenário da Independência, proclamada pelo então príncipe regente Pedro, às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, a Sete de Setembro de 1822.
A revelação foi feita pelo diplomata George Prata, membro da Equipe Coordenadora das Atividades Culturais que envolvem o festejo histórico. Ainda não foi encaminhada a solicitação formal ao governo português, uma vez que se estudam as condições de segurança para o traslado do órgão. “Se não há riscos, é interessante ceder o coração temporariamente”, declarou o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, ao jornal lusitano Expresso. O coração, que está no Porto desde a morte de Pedro, em 1834, foi visto publicamente pela última vez há sete anos. A Câmara da cidade, guardiã das cinco chaves imprescindíveis à transposição dos umbrais que o protegem, autorizou sua filmagem para um documentário.