Brasília – De fato e de direito, o delegado Carlos Henrique de Oliveira deixou a superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro e assumiu a direção-executiva da PF.
Aparentemente parece que foi promovido, mas só aparentemente.
TNM/Roberto Villanova
Há dois pontos a se considerar na troca de função na superintendência da PF carioca.
Primeiro ponto: a saída dele, que tinha sido indicado pelo ex-diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, aliado do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, era a obstinação do presidente Jair Bolsonaro – que quer colocar no lugar alguém que possa “trocar ideia” com ele sobre operações.
Cabe lembrar que a PF carioca investiga – ou investigava? -, o senador Flávio Bolsonaro, no processo da “rachadinha” e lavagem de dinheiro com a milícia.
Segundo ponto: embora seja diretor-executivo, o delegado não terá nenhuma ingerência sobre investigação e operação. No jargão popular, o cargo que vai exercer assemelha-se à meia-lua da grande área do campo de futebol – que delimita a marca do pênalti, mas falta na meia-lua não é pênalti.
Ou seja, o cargo dele é meramente burocrático; ele não pode participar de operações nem acompanhar investigações.
Bolsonaro tentou vender a ideia de que o delegado Carlos Henrique foi promovido, mas não é verdade. Ele deixou de ser operacional e passou a ser espécie de secretário.
No total foram cinco mudanças, incluindo os superintendentes da PF no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraíba, Tocantins e Alagoas,
A mudança, ato continuo à posse do novo diretor da PF, veio a calhar com o depoimento do ex-ministro Sérgio Moro, que revelou a conversa que teve com Bolsonaro, que lhe disse: “Você tem 27 superintendências. Eu quero apenas uma: a superintendência do Rio de Janeiro.”
A preocupação do presidente com a superintendência da PF no Rio de Janeiro, na ausência de justificativa plausível, só pode ser entendida pela preocupação com as investigações de crime que podem atingir a clã.
Ou tem outra?