EUA interceptaram contrabando de madeira do Brasil, pelo Ibama

O que mais chamou a atenção da operação da Polícia Federal, que envolve o ministro do Meio-Ambiente, Ricardo Salles, e o diretor do Ibama,  Eduardo Bim

Aras, que almeja ser indicado para a vaga do ministro Marco Aurélio Melo, no Supremo Tribunal Federal, não gostou, claro, e protestou, mas não adianta espernear porque a PF pode sim realizar operações sem avisar previamente ao procurador. A operação da PF foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, que, obviamente, também não comunicou nada ao procurador-geral.

Essa operação, que é conduzida pelo delegado federal Rubens Lopes, pode revelar o maior esquema de contrabando de madeira da história do Brasil envolvendo autoridades da República, inclusive agentes da Agência Brasileira de Informações. Desesperado, Salles esteve na sede da PF em Brasília, tentando levantar detalhes da operação e não conseguiu.

O ministro do Meio-Ambiente procurou ajuda com o presidente Jair Bolsonaro, que o recebeu, mas também não pode fazer nada para ajudá-lo porque a operação está sob sigilo e, além disso, foi autorizada pelo Supremo. Sobrou, então, para o mais fraco nessa teia de investigados, que foi o presidente do Ibama, já substituido no cargo.

PARA ENTENDER O ESQUEMA

Tudo começou com a apreensão de três contêineres de “produtos florestais” apreendidos no porto de Savannah, no Estado da Georgia, nos Estados Unidos. Os fiscais norte-americanos desconfiaram da documentação apresentada e apreenderam a carga, comunicando a apreensão ao adido dos Estado Unidos no Brasil, Bryan Landry.

Como Ricardo Salles já responde a processo por promover desmatamento em São Paulo, quando foi secretário do Meio-Ambiente no governo Geraldo Alckmin, e, também, com o video da reunião com o presidente Bolsonaro, em abril do ano passado, quando sugeriu aproveitar a pandemia do coronavírus para “ir passando a boiada”, o adido norte-americano denunciou o caso diretamente à PF.

Acertadamente, o delegado da PF encarregado da investigação se dirigiu diretamente ao Supremo, pedindo autorização para investigar, no que foi prontamente atendido e agora pode estar sim no rastro do maior escândalo de contrabando de madeiras de toda a história. Além disso, pode também descobrir a justificativa para a atuação de Salles e do próprio governo, na defesa intransigente de madereiros que atuam ilegalmente na Amazônia.

Além, obviamente, de ajudar a entender a extensão da expressão cunhada por Salles, “passando a boiada”, e que culminou com o desmonte do Ibama para a flexibilizar da lei ambiental e desmontar a fiscalização, para assim facilitar o desmatamento. Como consequência imediata, a França já comunicou que vetou a participação do Brasil no Mercosul.

Não foi por falta de aviso.

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