Bolsonaro lamentou ainda a saída do ministro Milton Ribeiro da Educação, que se demitiu na segunda-feira (28), após escândalos envolvendo áudio do ministro e balcão de negócios com pastores.

“Infelizmente, Milton nos deixou temporariamente”, afirmou. O mandatário já havia dito antes que botaria a cara no fogo pelo ministro, o que gerou memes na internet.

A primeira-dama disse nesta semana também que Deus iria provar que o ministro e pastor é pessoa justa e honesta.

A cerimônia de despedida de ministros nesta quinta-feira (31) também foi marcada por ataques ao PT e a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), menções a Deus, oração a lembrança de que “menino veste azul e menina veste rosa”.

O agora ex-ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, fez o discurso mais político e citou nominalmente o petista, primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto. Ele relembrou a delação do ex-ministro Antônio Palocci, dizendo que “Lula resolveu fazer seu pé de meia”, entre outras coisas.

Em 2020, o STF (Supremo Tribunal Federal) invalidou a colaboração do ex-petista. Os ministros entenderam que foi ilegal a decisão do então juiz Sergio Moro de incluir a colaboração de Palocci nos autos do processo, a seis dias do primeiro turno da eleição presidencial de 2018.

No ano seguinte, o Supremo anulou as condenações do ex-presidente e enviou as ações para a primeira instância da Justiça do Distrito Federal.

João Roma, por sua vez, criticou o programa Fome Zero, e disse que o governo do ex-presidente Lula falhou em combater a fome. “Não vamos permitir que nada nem ninguém divida nossa pátria”, afirmou.

Em meio a elogios a Bolsonaro, o ex-ministro Gilson Machado disse que ele “veio a Brasília não para andar de camburão, mas para trabalhar para todos nós”. Ele disse ainda que outros pré-candidatos falam em regular a imprensa. “Aproveitem enquanto os senhores ainda são livres”, disse.

Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou, a campanha de Bolsonaro à reeleição busca votos dos arrependidos, com discurso de antipetismo e críticas a corrupção.

Braga Netto deixará a Defesa com a expectativa de ser vice na chapa do presidente. Ainda que não tenha sido anunciado oficialmente, o chefe do Executivo já sinalizou em diversos momentos sua predileção pelo general.

Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), João Roma (Cidadania) e Onyx Lorenzoni (Trabalho) deixam seus cargos para concorrer a governos estaduais: São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul, respectivamente.

Já Tereza Cristina (Agricultura), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Gilson Machado (Turismo) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo) querem conquistar para vaga no Senado por seus estados – Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Distrito Federal.

Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) diz não saber ainda nem o Estado, nem o cargo que disputará. O astronauta Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) quer se eleger deputado federal por São Paulo.

A grande maioria dos ministros se filiou ao PL de Valdemar Costa Neto, para acompanhar Bolsonaro. Como a Folha de S.Paulo mostrou, o presidente quer uma “onda 22”, que seus aliados sigam-no no mesmo partido, para fazerem palanque e conseguirem votos.

O gesto de Bolsonaro causou ruídos na base aliada, que desejava também filiar bolsonaristas puxadores de voto. Em especial, o Republicanos.

O partido perdeu o ministro João Roma, que foi para o PL. Mas, por fim, conseguiu filiar Damares Alves e Tarcísio de Freitas. Já o PP tem Tereza Cristina.

Provável vice de Bolsonaro, Braga Netto está filiado ao PL. Contudo, há ainda conversas sobre eventual filiação a outros partidos, em especial o PP de Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil.

O prazo de desincompatibilização é 2 de abril. A lei determina afastamento, em caráter definitivo ou temporário, de pré-candidatos de seu cargo ou função pública, como forma de evitar abuso de poder político ou econômico.

No caso de integrantes do primeiro escalão do governo federal, eles devem deixar seus postos seis meses antes do pleito.

Ainda que aliados tenham aconselhado a convidar políticos para assumir os ministérios para um mandato tampão neste ano, como um gesto para aliados, Bolsonaro optou por nomes mais técnicos e que já fazem parte do governo.